segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

BNDES volta a apoiar vendas da Embraer

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Questões de Defesa
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Francisco Góes

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) está retomando, após quatro anos, o financiamento direto a companhias áreas clientes da Embraer nos Estados Unidos. A meta do banco é financiar este ano, a empresas áreas americanas, a compra de até 25 aeronaves comerciais dos modelos Embraer 170 e 190. O valor da operação, que está contratada com o BNDES, não foi revelado. A Embraer foi procurada e não se manifestou.

"É a retomada dos financiamentos diretos do BNDES aos clientes da Embraer", diz Luiz Antonio Araujo Dantas, superintendente do BNDES Exim, a área de exportações do banco. A última liberação de recursos feita pelo BNDES a uma companhia aérea estrangeira cliente da Embraer foi em 2004.

A dificuldade do BNDES em continuar a financiar os compradores da Embraer, em operações que têm como garantia a hipoteca das aeronaves, se deveu, em grande parte, ao aumento da exposição do banco ao setor aeronáutico nos últimos anos.

Estimativas não oficiais indicavam que, em 2003, o volume de empréstimos do banco em carteira para a indústria de aviação era de quase US$ 5 bilhões. O montante era resultado do financiamento à exportação de cerca de 500 aeronaves da Embraer. O banco não diz qual é hoje o valor da carteira de crédito para o setor aeronáutico. Diz somente que o número caiu, mas o volume continua a ser expressivo e, o que é mais importante, sem inadimplência na carteira.

Dantas afirma que o fluxo de amortização dos empréstimos antigos contribuiu para abrir espaço para novos financiamentos. A valorização do real também ajudou a reduzir a exposição do banco à indústria aeronáutica ao fazer com que a carteira em dólar do setor tivesse menor impacto sobre o patrimônio de referência do banco em reais.

Na visão do BNDES, outro elemento importante para a retomada dos empréstimos diretos aos compradores dos aviões da Embraer foi o acordo global sobre financiamento à exportação de aeronaves civis, assinado ano passado entre o Brasil e um grupo de países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

"As condições definidas no acordo são muito competitivas em termos de mercado e fazem com que as companhias aéreas busquem suas agências oficiais de crédito para obterem financiamento à exportação das aeronaves", diz Dantas. Henrique Ávila, chefe de departamento do BNDES-Exim, diz que o acordo da OCDE permite manter o apoio do governo brasileiro à exportação de aeronaves em condições eqüitativas com as agências americana, canadense e européias que sustentam as exportações de Boeing, Bombardier e Airbus.

Para Ávila, o acordo da OCDE também permitirá estruturar operações para exportação das aeronaves da Embraer fora dos EUA, o grande mercado da companhia. A estruturação jurídica dos empréstimos do BNDES para a venda de aviões da Embraer em países emergentes seria facilitada pelo acordo de Cape Town, em bigor desde 2006, que tornou mais ágil a retomada das aeronaves em caso de inadimplência.

Ávila disse que, em janeiro, o BNDES já liberou recursos para a exportação de aviões da Embraer e este mês estão previstos novos desembolsos. A liberação dos recursos irá seguir o cronograma de entrega das aeronaves ao longo de 2008, disse Ávila. Ele afirmou que a participação do banco no financiamento estimulou clientes da Embraer a transformarem opções de compra em encomendas firmes dentro de contratos que já haviam sido negociados pela fabricante brasileira com empresas aéreas.

A expectativa no BNDES é de que os financiamentos aos clientes da Embraer voltem a ter um peso significativo nos desembolsos da área de exportação do banco. A Embraer chegou a representar, em termos históricos, entre 30% e 40% das liberações anuais do BNDES Exim antes de que o banco interrompesse, há quatro anos, os empréstimos diretos aos compradores de aviões da fabricante brasileira.

Ávila disse que, em novas operações de financiamento dos aviões da Embraer, o BNDES poderá participar diretamente na fase de venda e de negociação comercial. Outra opção é entrar em etapas mais avançadas da negociação, como já fez fazendo, o que pode estimular empresas aéreas a converter opções em compras firmes de aeronaves.

O BNDES tem também interesse em apoiar o desenvolvimento de novos modelos de aeronaves da Embraer em um projeto que poderia abrir mais espaço para a indústria de fornecedores nacionais. Em 2007, o banco lançou o programa Pro-Aeronáutica para dar impulso a sub-fornecedores da empresa que com pequenos investimentos podem aumentar a capacidade instalada. O objetivo é fazer com que estas empresas consigam firmar acordos de longo prazo com a Embraer. É, porém, um trabalho com potenciais resultados no médio prazo a aeronáutica no Brasil ainda é uma indústria nascente.

Fonte: http://www.fab.mil.br/imprensa/enotimp/enotimp_capa.htm

http://www.fab.mil.br/imprensa/enotimp/2008/02-FEV/enotimp042.htm

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